Direção: Adam Elliot
Elenco: vozes de Philip Seymour Hoffman, Toni Collete e Eric Bana
Escrito por: Adam Elliot
França, Austrália, 2009
Nota no IMdB: 8.2
"Acho os humanos interessantes, mas tenho problemas para compreendê-los" - Max Jerry Horowitz
A amizade verdadeira acontece em situações improváveis: uma criança australiana envia uma carta com perguntas para um endereço aleatório e recebe resposta do destinatário misterioso: um americano de meia-idade. Em comum, a solidão. Mary não recebe atenção do pai, ocupado com a taxidermia, nem da mãe, distante da filha e próxima do álcool. A curiosidade dos primeiros oito anos de vida instiga a mente da menina, bastante madura para a idade. Max vive em um apartamento em Nova York, conversa esporadicamente com uma vizinha idosa e só convive com o peixe que cria. Viciado em chocolate, também tem compulsão por qualquer outra comida e sofre com o constante ganho de peso. Ele convive com a Síndrome de Asperger, que provoca crises de ansiedade a qualquer situação corriqueira que fuja ao seu planejamento metódico do cotidiano.
A sinopse já despertaria o interesse pela história, mas um outro fator aumenta a curiosidade pelo resultado: ao invés de atores, estamos diante de uma animação com conteúdo adulto. Philip Seymour Hoffman dá voz ao protagonista, Max Jerry Horowitz, enquanto Bethany Withmore e Toni Collete interpretam Mary Daisy Dinkle da infância à idade adulta. Os personagens são feitos com bonecos de massinha e os movimentos sofisticados e a riqueza de detalhes nas expressões demonstram o apuro da equipe realizadora, conduzida pelo diretor e roteirista Adam Elliot, que trabalha com simplicidade e dispensa exageros tanto no conteúdo quanto na forma.
Construído em tons de cinza e marrom - somente - o longa carrega um espírito melancólico, condizente com os sentimentos dos personagens. Distantes da família dentro de casa e de todos em uma metrópole, respectivamente, Mary e Max só encontram correspondência em alguém distante, inserido em outra realidade e sentem, enfim, o sentido e o valor de uma amizade verdadeira e compartilham dúvidas e diferenças, mas nunca indiferença.
Outra surpresa do roteiro é mostrar o crescimento dos personagens. Mary casa-se e inicia uma vida acadêmica para estudar a síndrome que acomete o amigo, que com o passar dos anos continua o mesmo, exceto pelo aumento dos medos e manias. Tão próximos sem nunca terem se visto, os dois trocam cartas e presentes ao longo da vida e reconhecem na sensibilidade e espontaneidade do outro os próprios sentimentos, antes desconhecidos em suas relações corriqueiras.
Uma produção australiana de 2007 a que tive acesso pelo correio, como presente de uma amiga que nunca vi, apesar de nos conhecermos pelo que escrevemos. Muito pouco em comum com a história - mas ainda assim temos nossas questões - não é curioso?
ps: os tons de cinza são quebrados por elementos bem escolhidos na composição das cenas, como no pompom vermelho que Max usa na cabeça quando está bem humorado.
pps: demorei para assistir e não consegui ver tudo de uma só vez, mas valeu ter esperado.
ppps: desenhos não costumam atrair minha atenção, mas este realmente me surpreendeu.
I told you! Disse que você iria gostar :)
ResponderExcluirAdorei a sinopse :)