domingo, 17 de julho de 2011

Cisne Negro (2010)

Cisne Negro (Black Swan)
Direção: Darren Aronofsky
Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Winona Rider
Escrito por: Mark Heyman, Andres Heinz e John McLaughlin
EUA, 2010
Nota no IMDb: 8.3



O limite entre delírio, ficção, realidade e verossimilhança. O balé do "Lago dos Cisnes", de Tchaikovsky, é o condutor da história de Nina (Natalie Portman) - em atuação consagrada pelo Oscar de Melhor Atriz em 2011, uma bailarina acossada por medos e pressões. Nina divide-se entre os ensaios exaustivos na companhia e a sufocante presença da mãe, ex-bailarina que intromete-se de todas as formas na intimidade da filha. A chance de se tornar a solista da companhia, justamente na montagem do "Lago dos Cisnes", desencadeia conflitos na personalidade de Nina, que associa trechos da própria história aos acontecimentos do texto de Tchaikovsky.


Na história, uma mulher é aprisionada no corpo de um cisne branco, análogo à leveza e à pureza, e precisa do amor de um príncipe para libertar-se deste corpo. Mas a irmã gêmea, retida no corpo de um cisne negro - representando a agressividade e o destempero, ganha o amor do príncipe. O cisne branco, dominado na competição pelo desespero e entregue à inveja da irmã, escolhe a fuga para libertar a alma pura do corpo corrompido.



Nina é sensível, moderada e dedica todo o tempo aos ensaios. Reconhecida pela leveza e perfeito controle dos movimentos, vive ela própria um cisne branco, um desejo contido em uma figura domesticada. Desafiada a encarnar ambos personagens, precisa descobrir as próprias vontades escondidas para entregar-se à performance do cisne negro. Quando isso acontece, desencadeia sentimentos e posturas que não sabia possuir.



Somando-se a isto, Nina enfrenta um quadro de ansiedade - refletido no hábito de coçar as costas a ponto de machucar-se - que desencadeia sensações de perseguição. No metrô, não raro, acredita estar sob olhares amedrontadores. Quando perde o controle sobre o raciocínio, enxerga figuras do balé distorcidas e pensa ser atacada. Vive em sonhos os desejos contidos no cotidiano e confunde esta libertação imaginada com a própria vida. Em última instância, já não distingue sonho, desejo e realidade. Personagens duais fundem-se em sua própria dualidade, e na perda do contato com o real, os ensaios são o único fio que ainda a ligam à razão. 



Dirigido por Darren Aronofsky (de "Réquiem para um Sonho" (2000) e "O Lutador" (2008)), Cisne Negro emocionou plateias no mundo todo ao revelar o paradoxo entre leveza e agressividade de um balé clássico. Uma história fartamente conhecida por gerações, já tratada em diversos matizes, ganha uma montagem exuberante ao trazer para o centro temas sempre presentes, mas por vezes coadjuvantes. Valeu o Oscar de Natalie Portman, pela suavidade/agressividade dos movimentos e olhar nunca tranquilo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário