sábado, 15 de janeiro de 2011

Aprendendo a Mentir

Escrevi esse texto em 2005. Dei uma enxugada e aí está meu ponto de vista logo após chegar do cinema. 



 ‘Aprendendo a mentir’ (Liegen Lernen).
Alemanha/2003.
Diretor: Hendrik Handloegten. 
Elenco: Fabian Busch, Suzanne Bormann e Fritzi Haberlandt.
Roteiro de Hendrik Handloegten, baseado no romance de Frank Goosen.
Nota no IMDB: 6.8

Tenho gostado de produções contemporâneas alemãs  – como Adeus, Lênin e Edukators – e nem tanto de outras - Corra, Lola, Corra - e ‘Liegen Lernen’ mostra bom  fôlego durante sua hora e meia de exibição. A história acompanha os desdobramentos políticos e culturais na Alemanha a partir de 82, mas a condição de Berlim apenas serve de pano de fundo para a vida dos personagens. O protagonista Helmut, representado por Fabian Busch é um cara perdido. Ele se relaciona com Britta (Susanne Bormann), ainda na escola, mas ela logo o deixa para morar no EUA. A partir daí, foge de todos os compromissos, mesmo apaixonado, por causa da desilusão sofrida com Britta.

Eles se reencontram algumas vezes anos depois em Berlim, e o diretor cria formas  sutis para anunciar as mudanças ocorridas com cada um. Algo previsíveis, mas  bem encaixadas e desenvolvidas ao longo do roteiro. Um exemplo: desperta interesse o silêncio de Helmut, a forma como ele conquista e se comunica apenas com o olhar e um distraído sorriso.


Devido à ambientação, a história é cheia de referências ao momento histórico.  Reuniões de comitês estudantis, repressão familiar, duvida quanto aos destinos do novo país  – tudo isso está presente sem ser panfletário. Os maiores feitos do filme são seus recursos técnicos. É o desenvolvimento do roteiro, a narrativa concisa, os diálogos bem pontuados, a fotografia para destacar a subjetividade das cenas e as escolhas da trilha sonora - músicas dos anos 80, então há deslizes. 


Um desenvolvimento empolgante para um filme realizado com cuidado, que faz sair da sessão pensando nos rumos da própria vida. Até que ponto deixamos de experimentar porque limitamos nossas buscas ao que idealizamos? A fugacidade por escolha própria, o que podíamos ter vivido e, sobretudo, o que temos para viver. 



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