sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sem Limites (Limitless)

Sem Limites (Limitless)
Diretor: Neil Burger
Elenco: Bradley Cooper, Robert de Niro, Abbie Cornish, Johnny Withworth
Escrito por: Leslie Dixon
EUA, 2011
Nota no IMdB: 7.4 (bebeu, IMdB??)






"Sem Limite" (Limitless) será esquecido rapidamente - se é que será lembrado alguma vez. Em cartaz no Brasil em abril de 2011, já podia ter abandonado as salas sem deixar saudades. Algumas razões para o filme não funcionar:

1 - O desenvolvimento não cumpre o prometido pelo enredo - Um escritor com bloqueio criativo descobre substância capaz de ativar sua memória a níveis incríveis. Essa ideia até daria um bom filme, mas não neste. Se desenvolvesse a trinca inspiração/criatividade/bloqueio, o diretor Neil Burger poderia ter criado uma história instigante sobre a dificuldade de transformar em palavras uma abstração qualquer. Mas "Sem Limites" prefere o caminho fácil da droga impossível que ativa 100% do cérebro humano e forja seres com memória total - até o fim do dia ou até a próxima dose. 

2 - Transformação instantânea e ostentação barata - O pretenso escritor Eddie Morra (vivido por Bradley Cooper) larga o ofício quando percebe as facilidades oferecidas pela nova droga. Por que se dedicar a abstrações literárias e uma carreira pouco reconhecida se se tornou possível, para quem mal sabia fazer contas, investir na bolsa de valores como um prodígio? Discutir investimentos e operações de risco com executivos experientes, impressionar diretores e multiplicar fortunas, sem nenhuma consequência no desenrolar da história, é no mínimo inverossímil. Ganhar dinheiro infinitamente e não se importar em como gastá-lo; conquistar cargos influentes e impor pelo poder: é só isso que "Sem Limite" tem a dizer?  

3 - Falta de um conflito verossímil - Quando a história parece tomar novo rumo, o roteiro se perde e revela a maior fraqueza de um filme: a falta de conflito para sustentar a história. Se a ex de Eddie Morra assume que teve problemas ao parar de tomar a droga, já que o corpo dela se tornou dependente e ao mesmo tempo não suportava os efeitos da substância, era de se esperar algo parecido com o protagonista. Mas essa parece ser apenas mais uma cena insossa e sem conexão entre tantas outras. 



4 - Projeção e aprendizado instantâneo - Se envolveu em uma briga de rua? Basta lembrar de golpes de luta na infância. Não, você não era atleta, apenas assistiu à luta na TV. Isso é o bastante para bater sozinho em uma gangue, de acordo com a lógica da droga que dá 100% de capacidade ao cérebro. Entrou em um restaurante francês? Impressione sua companhia ao conversar na língua estrangeira com o garçom. Você nunca pisou na França, mas isso não tem importância. É a lógica que atravessa o filme o tempo todo.

5 - De Niro no lugar errado - Robert de Niro, no papel mais infeliz dos últimos anos, seria um empresário influente que se impressionaria pelo talento de Morra. Na realidade, é apenas um dos donos do mundo que nem desconfia da supercapacidade do novo pupilo. E, quando descobre a verdade, apenas participa do jogo de poder.

6 - Roteiro recortado - A roteirista Leslie Dixon deve ter sido a mais insatisfeita com a edição final do filme. Porque, pelos saltos que a história toma, parece claramente um filme bem imaginado que foi mal realizado pelos produtores. Parece um argumento inspirado que precisou ser recortado, retorcido, rasurado e mal colado por conta de pressões da indústria, com a desculpa batida de se tornar "mais comercial". Isso é muito comum em filmes considerados "cabeça", que precisam ser mudados sem perder o fio original. Prefiro pensar isso do que assumir a falta total de inspiração de Dixon. Não conheço o livro de Alan Glynn, no qual o roteiro foi baseado. Espero que a película não tenha sido fiel a ele. 

Nessa hora e quarenta e cinco minutos de cinema, pouco pode ser apontado de positivo. O começo do filme impressiona e deixa o espectador com boas expectativas: as tomadas iniciais, com a câmera em movimento em aceleração pela cidade, na perspectiva da primeira pessoa, rompendo barreiras físicas naturais, deixam a impressão de que teremos pela frente uma obra estética ao menos curiosa. As letras e números caindo do teto no momento da inspiração definitva tentam ser um convite a isso. Não valem nem a tentativa. Quando se tenta argumentar a favor do fillme, a cena do 'vampiro' salta à lembrança. Nessa hora amigo, mesmo usando naturalmente apenas 20% do cérebro, não há quem ainda procure encontrar qualidades em "Sem Limites". 



Um comentário:

  1. o elenco é muito bom, e a idéia do filme é mesmo interessante!

    mas concordo que a história poderia ter sido melhor desenvolvida...

    Parabéns pelo Post !

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