Mostrando postagens com marcador 2011. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 2011. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Medianeras (2011)

Medianeras
Direção: Gustavo Taretto
Elenco: Pilar López de Ayala, Javier Drolas, Ines Efron
Escrito por: Gustavo Taretto
Argentina, 2011
Nota no IMdB: 7.2




A arquitetura vertical da metrópole. Placas impessoais de longe, fissuras que resistem nos detalhes. O acúmulo da solidão, o temor de sair a rua, a escolha pelas escadas aos elevadores, o cotidiano conectado na internet sem o hábito de conversar pessoalmente. O desejo de encontrar alguém na multidão, o fato de ficar mais à vontade com bonecos e telas do que com pessoas. Pela reação dos últimos conhecidos, a preferência por ficar em casa. Medianeras são paredes laterais que dão para os prédios vizinhos e que, pela lei argentina, não podem conter janelas. Alguns as desafiam. 



Isso é Medianeras (2011), filme do argentino Gustavo Taretto sobre a falta de comunicação de jovens acostumados com uma realidade de hipercomunicação. Mariana (Pilar López de Ayala) é arquiteta, mas trabalha como vitrinista e imagina histórias para os bonecos que veste. Divide o apartamento em Buenos Aires com manequins dobráveis e recebe deles respostas mais agradáveis do que nos últimos encontros com desconhecidos - e mesmo as respostas do último namorado não eram algo animadoras.



Martín (Javier Drolas) vive recluso no pequeno apartamento em Buenos Aires e se relaciona com o mundo a partir de um iMac. Sistemas de busca e chats são seu contato exterior. Vive com o cachorro da ex e precisa pagar uma mulher para levá-lo ao parque. Mas gosta de dar banho no pequeno animal e tem insônia.



Medianeras usa recursos gráficos para conotar encontros e desencontros em uma metrópole que perdeu o controle do planejamento. E, por isso mesmo, não consegue controlar as janelas que se abrem nas paredes mais insólitas e nas ervas que insistem em brotar nas fissuras menos esperadas. As alusões ao desenho "Onde está Wally" não são gratuitas e reforçam a necessidade universal de descobrir e ser descoberto. Com trilha discreta e narrativa sem percalços, parte de um argumento consistente para cercar, sem pressa, uma bela história.



Medianeras ficou cerca de cinco meses em cartaz no Brasil e foi um dos filmes argentinos mais vistos em 2011. Ganhou os prêmios de melhor diretor e filme estrangeiro no Festival de Gramado e foi a escolha do público em Berlim e Toulouse..E, com discrição e sem gravitar em torno de celebridades, o cinema argentino dá mais um drible nos colegas brasileiros. 


terça-feira, 27 de março de 2012

A Árvore da Vida (2011)

The Tree of Life
Direção: Terence Malick
Elenco: Brad Pitt, Jessica Chastain, Sean Penn, Hunter McCracken
Escrito por: Terence Malick
EUA, 2011
Nota no IMdB: 7,0



"A Árvore da Vida" aborda, essencialmente, de maneira delicada e dedicada, o ato da criação e a perda da inocência. O autoritarismo de O´Brien (Pitt) na criação dos filhos, num subúrbio americano nos anos 1960 e as marcas desta criação em suas consciências. As pressões - principalmente sobre o mais velho - a frustração do pai com os próprios caminhos e a criação rígida das crianças. 



Terence Malick escreveu e dirigiu esta história que surpreende pelos intertítulos que carrega e pela beleza plástica das imagens abstratas. Há espaço para a gênese do universo, o movimento das marés, erupções vulcânicas, a vida marinha, a explosão das estrelas e muitas outras sequências impressionantes, entrecortadas por diálogos emblemáticos que contextualizam as metáforas e elipses aparentemente absurdas. 



Após permitir-se divagações que duram mais de 20 minutos, Malick volta à história da família, marcada por dramas e pressões. O diretor reforça a dimensão da descoberta da experiência em cada tomada, como nas sequências em que os pais apresentam a linguagem aos garotos ou seus primeiros atos de delinquência juvenil. 



A partir de valores religiosos, católicos, Malick aborda de modo suave a transcendência do ser e o amor universal, em cenas absolutamente reflexivas, que chamam lembram a duração ínfima do ser humano no planeta e seu tamanho insignificante em relação ao universo. Apesar disso, um universo complexo, representativo e único.



Malick escreveu uma bela história sobre o potencial do amor e a gravidade da existência e teve em mãos uma história bem perto de poder ser considerada uma das mais impressionantes em muito tempo. Pena que ela se prende, em vários momentos, ao ritmo arrastado que diminui a potência de suas cenas-chave, que evocam e ao mesmo tempo exasperam o espectador.



Os diálogos no lugar certo, a produção impecável e um argumento consistente colocaram um material raro nas mãos de Malick, que não conseguiu dosá-los da melhor maneira. Ainda assim, as escolhas não  prejudicam. Some-se a isso á atuação segura de Jessica Chastain e ao olhar impressionante de Hunter McCracken que interpreta Jack (Penn) quando criança. 



Cortes e flashbacks bem editados ajudam a compreender  em blocos a história, enquanto um dos protagonistas, anos depois, relembra pontos da infância e etapas de seu crescimento em família, evocando o pai centralizador, a mãe conciliadora e os irmãos, também descobridores enquanto autores da própria existência. 



"A Árvore da Vida" tem repertório para figurar entre os grandes filmes da década, mas é prejudicado pelo excesso de preciosismo dos realizadores. Impressiona, mas cai em um anticlímax constante. Vale, ainda, uma menção honrosa para os últimos minutos, reveladores sobre a condição humana e sua relação com o universo e o eterno. Uma mensagem de esperança, enfim. 


sexta-feira, 23 de março de 2012

Drive (2011)

Drive
Direção: Nicolas Winding Refn
Elenco: Ryan Gosling, Carey Mullingan, Bryan Cranston, Kaden Leos Albert Brooks
Escrito por: Hossein Amini, baseado em livro de James Sallis
EUA, 2011
Nota no IMdB: 8,0



Se o Oscar 2012 premiou homenagens aos primórdios do cinema, a última edição de Cannes preferiu destacar  um cinema de gênero, numa espécie de filme b com estética dos anos 80/90. Melhor filme da mostra competitiva de 2011, "Drive" traz momentos distintos e igualmente perturbadores.



Ryan Gosling não tem nome: é apenas o 'driver' dublê de filmes de ação durante o dia e o 'driver' calculista e silencioso de gangues à noite. Vive em um ambiente seco, solitário e com ecos vintage, ajudados pela trilha de rock alternativo e por tomadas de uma Los Angeles sem glamour e áspera. É um filme de ação com pouca movimentação de fato e que se sustenta pelo contexto. A primeira metade diz respeito ao silêncio e aos olhares questionadores. Olhares pelo retrovisor, com um palito entre os dentes. 



Quando envolve-se com gangues de fato, o protagonista ganha ares de nonsense e protagoniza cenas de violência gratuita dignas de Tarantino. A ruptura na história causa um excesso premeditado, oposto aos movimentos de espera do início, que  fazem de "Drive" um filme provocador. 



A frieza do justiceiro em oposição ao homem entregue facilmente pela descoberta do sentimento pela vizinha Irene (Mulligan) provoca certas questões: ele se consumia em adrenalina porque precisava de atenção? Basta uma relação sincera e desinteressada para derrubar a barreira que o impede de conhecer a afetividade? Seu relacionamento com Benicio (Leos), filho de Irene, pode responder a isto. Seu instinto de proteção e afeto atinge este momento, numa superação do egoísmo que o cerca. Ainda assim, o roteiro traz clichês básicos que impedem "Drive" de ser um grande filme de fato. 



Apesar da violência gratuita que interrompe uma estética impecável, "Drive" é uma incursão bem-sucedida  (e a primeira) de Winding Refn no cinema comercial. É também um filme para consagrar Ryan Gosling, que surgiu no mercado em comédias românticas e blockbusters de ação. Ele definitivamente ganha o público como o motorista alucinado que usa a mesma jaqueta branca com um escorpião dourado nas costas - que vai se sujando de graxa e sangue ao longo da história, sem que isso o incomode em algum momento. 









domingo, 11 de março de 2012

Millenium - O Homem que Não Amava as Mulheres (2011)

Millenium - O Homem que Não Amava as Mulheres (The Girl with the Dragon Tatoo)
Direção: David Fincher
Elenco: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Stelan Skarsgard, Robin Wright
Escrito por: Steven Zaillan, baseado em livro de Stieg Larsson
EUA, 2011
Nota no IMdB: 8.0






Adaptações de best sellers para o cinema costumam criar polêmicas, principalmente se o livro em questão for recente. Sempre aparecerá alguém para criticar a adaptação da narrativa - além da escolha comercial de uma obra que vive o sucesso no mercado editorial. 





Mas "O homem que não amava as mulheres", visão do diretor David Fincher (A Rede Social) para o primeiro livro da trilogia de espionagem Millenium, foge das soluções rasas. Escrita pelo jornalista sueco Stieg Larsson  - que morreu em 2004 pouco depois de entregar os originais aos editores - a história já havia ganhado uma adaptação aclamada pela crítica em seu país, em 2009, ainda mais sombria. O que faz uma série literária receber duas versões para o cinema em tão pouco tempo - ambas elogiadas?



O envolvimento da hacker Lisbeth Salander (Mara) em uma intriga de espionagem é o mote deste suspense, que evita sustos fáceis. O jornalista Mikael Blomkwist (Craig) é processado por uma série de reportagens e acaba se envolvendo em um mistério no seio da família Vanfer, com membros reclusos, anti-semitas e que ainda buscam solução para a morte de uma garota do clã, ocorrida nos anos 1960. Craig investiga traumas do passado dos Vanger, enquanto Salander, de modos hostis, precisa encontrar meios para se sustentar sem o antigo tutor. Nada se sabe sobre sua família ou passado, mas sua frieza e androginia dão a dimensão de traumas sofridos. Os piercings e tatuagens que deixa à mostra contrastam com a discrição das maneiras que ela pretende transmitir. 



A fotografia cria a atmosfera do inverno sueco, com ventos cortantes e dias pouco iluminados. O trabalho detalhista da montagem é um aliado dos efeitos pretendidos por Fincher, reconhecido por dosar mistério e ação - como em Clube da Luta (1999) e Seven (1995). 



Salander, no entanto, encarna uma espécie de Magayver com uma tatuagem de dragão, vingadora capaz de ações inverossímeis em uma história que se revela sóbria durante quase todo o tempo. A polêmica cena de abuso sexual, totalmente desnecessária, ainda foi amenizada em relação à versão sueca. É claro que provoca a repulsa desejada, mas exagera na exploração explícita do conteúdo.



"O homem que não amava as mulheres" (ou a mulher que não amava os homens) é um thriller psicológico para agradar admiradores do gênero e manter as vendas dos livros em alta. Resta saber a escolha da equipe técnica para manter o padrão nas indefectíveis sequências. 


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Os Descendentes (2011)

Os Descendentes (The Descendants)
Direção: Alexander Payne 
Elenco: George Clooney, Shailene Woodley, Amara Miller, Nick Krause, Patricia Hastie, Beau Bridges
Escrito por: Alexander Payne, Nat Faxo e Jim Rash, baseado em livro de Kaui Hart Hemmings 
EUA, 2011
Nota no IMdB: 7,7



O Havaí, locação comum em filmes sobre esportes, comédias de férias ou documentários em paisagens paradisíacas, é quase um personagem de "Os Descendentes", um dos favoritos ao Oscar e vencedor do Globo de Ouro em duas categorias (melhor filme de drama e melhor ator - George Clooney). Apesar da participação de destaque, o estado americano serve de contraponto para a angústia que permeia a vida de um homem, que tenta diminuir a distância afetiva para as filhas quando a esposa entra em coma por causa de um acidente. 



Como defende o protagonista logo no início, as dores do povo havaiano não são menores que a dos outros humanos por morarem em recantos de natureza privilegiada. Eles compartilham as mesmas cotas de dúvida, defeitos e dor com os demais, assim como carregam cargas de esperança, sonhos e superação semelhantes. 



Matt King (Clooney) é um advogado pacato, contido, quase resignado e, tal qual o costume contemporâneo, pouca atenção havia dedicado à esposa e às filhas nos últimos anos. Em certa altura de "Os Descendentes", o milionário havaiano revela seguir uma frase ouvida tempos antes: "Dê todo o dinheiro aos filhos para fazerem o que quiserem, mas não para não fazer nada". Assim explica a contenção no trato de sua fortuna, apesar da vida confortável. 



Elizabeth (Hastie), mulher de King, está em coma após um acidente de barco. Ela tem o perfil construído por falas da família e amigos, e por eles conhecemos seu interesse por esportes e adrenalina, assim como podemos antecipar o que deve ter sentido em determinados momentos anteriores à trama e justificar suas atitudes. Mas apenas prevê-los, apesar da riqueza de detalhes disponíveis para construir sua participação na trama. Estratégia curiosa para uma personagem que, apesar dos julgamentos, não pode se defender. 



Alexandra (Woodley) filha mais velha do casal, é uma adolescente de 17 anos que conhece bem os limites a ponto de fazer questão de desafiá-los. A rebeldia em potencial se transforma em bom senso quando ela precisa ajudar King a cuidar da caçula Scottie (Miller). No percurso, tem a companhia do amigo Sid (Krause) um personagem deslocado no começo da trama, e que em seu desenvolvimento só faz reforçar a ideia de que as novas gerações não são muito habituadas a convenções sociais. A ironia é uma face da relação entre os jovens e a inclusão de King neste novo "meio", e, com as risadas provocadas na sala do cinema, parece que nem todos assistem ao mesmo filme. 



A melhor participação de Sid se dá quando Matt o pergunta se ele e Alexandra conversam sobre seus problemas. O garoto afirma que não, apesar da proximidade entre os jovens; apenas tentam se divertir juntos para esquecer-se das adversidades. Um método escapista discutível, mas revelador sobre o comportamento de uma geração.



Quando Matt King, apesar do conflito em casa, tem poderes para decidir uma operação empresarial entre primos - são herdeiros de uma grande área preservada na ilha - temos o vínculo do homem com a terra e a tradição familiar, apesar dos rumos dissidentes dentro no lar. Prova disso são as tomadas frequentes em retratos de sua genealogia e a lembrança de nomes e títulos de antigos parentes, num contraste bem armado com sua falta de prestígio na própria casa.



"Os Descendentes" não vai marcar época, não traz inovações de estilo nem conta uma história sensacional. Talvez nem mereça a indicação no Oscar em algumas das principais categorias - filme, diretor, ator (Clooney), roteiro adaptado e montagem. Mas é um filme sincero, com roteiro sem grandes atropelos e boa condução da direção de fotografia. E, ainda, atuações convincentes de Clooney e a estreante Shailene Woodley. 


domingo, 8 de janeiro de 2012

As aventuras de Agamenon, o repórter (2011)

As aventuras de Agamenon, o repórter
Direção: Victor Lopes
Elenco: Hubert, Luana Piovanni, Marcelo Adnet, Pedro Bial, Rui Castro
Escrito por: Hubert, Marcelo Madureira
Brasil, 2011
Nota no IMdB: (não cadastrado)



Você já saiu do cinema com a impressão de que acabou de assistir a um dos piores filmes da vida? Este é "As aventuras de Agamenon, o repórter", nova 'comédia' da Globo Filmes que se apresenta como um documentário sobre o jornalista fictício Agamenon Pereira Mendes. Criação de Hubert e Marcelo Madureira, do Casseta e Planeta, Agamenon realmente assinou uma coluna no jornal O Globo por mais de 20 anos. 



O filme chega a parecer trabalho de artes de escola primária. Os alunos fazem colagens de personagens históricos com as próprias fotos e tentam apresentar para a sala uma história engraçada. Nenhuma piada durante os 70 minutos de exibição funciona e o filme desperdiça as participações especiais de Rui Castro, Caetano Veloso e Jô Soares, como eles mesmos ( e já sacaneados na coluna de O Globo), que dão depoimentos sobre o falso repórter na tentativa documental frustrada. Pedro Bial (vergonha alheia do ano) como condutor do documentário e Marcelo Adnet e Hubert como Agamenon. Alguns filmes são apenas ruins (neste blog, Cilada.com, por exemplo). Outros, não valem a resenha.



Alguma semelhança com o fraquíssimo "Borat" e uma tentativa muito frustrada de fazer piadas com cunho sexual vulgar o tempo todo. A ridícula pretensão de testemunhar os fatos do último século à la "Forrest Gump". Se há alguma pergunta a ser feita sobre o filme, ela tem que ser esta: como Fernanda Montenegro aceitou narrá-lo? Em entrevista à Folha de S. Paulo, o diretor Victor Lopes disse que não queria "cair no alegórico para não ser trash demais". 





"Agamenon" está em cartaz em 250 salas pelo Brasil e custou R$ 6 milhões, cerca de R$ 4,5 milhões oriundos de leis de incentivo fiscal. É a aposta da Globo Filmes para fazer o brasileiro rir neste verão. 



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O garoto da bicicleta (2011)

O garoto da bicicleta (Le gamin au vélo) 
Direção: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne 
Elenco: Thomas Doret, Cécile de France, Jerémie Lenier
Escrito por: Jean Pierre Dardenne, Luc Dardenne 
França, 2011
Nota no IMdB: 7.6






Um ritmo de filmagem e diálogos mais ágeis que os esperados para um drama familiar francês. Assim se desenvolve "O garoto da bicicleta" (Le gamin au vélo) dos irmãos Luc e Jean-Pierre Dardenne, em cartaz em salas mais modestas. Sem melodramas e com ritmo suave, cativa por abordar o tema do abandono com sobriedade. 






Aos 12 anos, Cyril Catoul (Thomas Doret) foi deixado pelo pai em um internato e, aos poucos, se dá conta de que Guy Catoul (Jérémie Renier) não vai voltar para buscá-lo. Após tentativas de fuga para encontrar o pai, o garoto descobre que sua bicicleta fora vendida e que o endereço onde espera retomar a vida está vazio.






Numa situação fortuita, conhece Samantha (Cécile de France), cabeleireira , que encontra a bicicleta na vizinhança, consegue comprá-la e a devolve para Cyril. É o início de uma relação de (des) confiança e esperança entre os dois. 






Samantha tenta atrair a atenção do garoto, que alterna momentos de carinho e rebeldia, em reações involuntárias de demonstrar carência pela falta paterna. Quando fica mais claro ainda o desprezo de Guy, ela assume a responsabilidade de lidar com a imprudência juvenil e a construção da confiança.






O traficante do bairro parece atrair mais facilmente a atenção de Cyril, com a facilidade dos jogos eletrônicos e da adrenalina. Mas, ocupar o lugar da ausência do pai do garoto é tarefa mais complicada, que os irmãos Dardenne preferem abordar sem uma falsa facilidade. A camisa vermelha, frequentemente usada por Cyril, é uma metáfora para a falta de cuidado, ou ainda para uma personalidade que busca meios de construção. 






"O garoto da bicicleta" apresenta ao menos dois problemas. O carinho de Samantha por Cyril parece quase gratuito, mesmo com toda a rebeldia do garoto. E, principalmente: o pai, mesmo empregado, prefere largar o filho. Desconheço a lei francesa, mas deve haver alguma proteção para o menor em caso de abandono. Como foi apresentado, talvez tenha sido uma conexão rasteira no roteiro.