segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

And the Oscar went to.....

....to Anne Hathaway e Mila Kunis!!





O Oscar 2011 foi o ano dos favoritos. Poucas surpresas na 83ª edição da premiação.
O mundo inteiro já sabe que foi o ano do "Discurso do Rei".
Melhor Filme, Melhor Diretor (Tom Hooper) e Melhor Ator (Colin Firth). E ainda Melhor Roteiro Original (escrito por David Seidler).
Natalie Portman, favorita, foi escolhida como Melhor Atriz, por "Cisne Negro".
"O Vencedor" também mereceu destaque. Melhor Ator Coadjuvante (Christian Bale) e Atriz Coadjuvante (Melissa Leo).
"A Rede Social" ganhou como Melhor Roteiro Adaptado (Aaron Sorkin), Trilha Sonora e Edição.
"A Origem" ganhou prêmios técnicos. Fotografia, Mixagem de Som, Edição de Som e Efeitos Visuais.
"TOy Story 3" foi premiado como Melhor Canção Original (We belng togheter) e Melhor Animação.
"Lixo Extraordinário", cotado pela crítica especializada para o prêmio de Melhor Documentário, perdeu para "Trabalho Interno", que trata da crise financeira que assolou os EUA há dois anos.
"Alice no País das Maravilhas" ganhou o Melhor Figurino e Direção de Arte.
Outros premiados:
Curta de Animação - "The Lost Thing"
Curta Metragem - "God of Love"
Documentário Curta Metragem - "Strangers no More"
Maquiagem - "O Lobisomem"


"Bravura Indômita", concorrente em nove categorias, não foi escolhido em nenhuma. Mas teve o mérito de levar os Faroestes de volta aos holofotes e marcar a volta do gênero à premiação. 127 horas, com seis indicações, também não recebeu a estatueta.


O Oscar é um festival que privilegia filmes lançados perto do fim das inscrições e que se esquece de boas produções lançadas no começo do ano? Quem merecia ter sido indicado este ano mas ficou de fora? Você gostou dos vencedores?

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Mil Anos de Orações

Mil Anos de Orações / Thousand Years of Good Prayers
Diretor: Wayne Wang
Elenco: Henry O, Feihong Yu, Pasha D. Lichnikoff
Escrito por: Yiyun Li
EUA, 2007
Nota no IMDb: 6.6



É conhecido de filmes asiáticos o costume de construir narrativas lentas, com poucos diálogos e tomadas longas e sóbrias. Não se pode colocar todas as produções sob as mesmas características, até porque há diferentes estilos de filmagens e preferências autorais bastante diferentes espalhados pelo oriente, mas, no presente caso, a afirmação funciona. Tudo bem, o filme é americano. Mas tem o mandarim como língua principal e o diretor é o chinês radicado nos EUA Wayne Wang. "Mil Anos de Orações" (Thousand Years of Good Prayers) trata da comunicação (parca) entre pai (cientista aposentado da China tradicional) e filha (imigrante americana, inserida na cultura ocidental). Ou será sobre o choque cultural resultante dessa descoberta e das relações familiares que se seguirão? 

A película traz quase nenhuma trilha sonora, exceto pelo piano suave em momentos seletos. A fotografia é discreta e dá preferência para tons sóbrios e escurecidos e a construção linear do roteiro norteia o que, a partir dos diálogos, é explicado sobre o passado e sugerido para o presente. Nem sempre o que acontece é mostrado. 

Mr. Shi, comunista e de costumes conservadores (apesar de criticar a Revolução Cultural e os rumos tomados pelo poder), conhece alguns costumes ocidentais e um pouco do inglês, o suficiente para se movimentar pela cidade e fazer compras enquanto a filha - Yilan - passa o dia no trabalho. Ele veio da China para ajudar a filha recém-divorciada, que no entanto não se mostra receptiva no reencontro com o pai. Os conflitos familiares - ou a falta deles, ou ainda a falta de diálogo sobre eles - são mostrados em paralelo com uma nova amizade do senhor aposentado. Curiosamente, ele conversa mais com uma iraniana, com quem faz amizade no parque, do que com a própria filha. Conversa em inglês rudimentar, num esforço de ambos lados para se fazer compreender. Por se compreenderem mutuamente, por serem naturais de terras em conflito e terem uma relação de certa prosperidade e distanciamento com a América. 



Os espaços públicos das tomadas estão quase sempre vazios. Mesmo em uma metrópole, mesmo na estação de trens, parque, mercado, ponto de ônibus. Nada de superpopulações, mas ainda há pressa.  Os subúrbios limpos da classe média, os desempregados e casebres em ruínas até o centro. As placas em destaque para o consumo, realidades que Mr. Shi observa pelo vidro dos veículos. "Vou de trem. Você quer que eu conheça a América, mas, como vou vê-la se estiver voando acima de todas as coisas?" questiona o pai a certa altura quando Yilan tenta convencê-lo a viajar de avião pelo país.

O filme nada tem relacionado com seu título, no sentido denotativo que poderia vir a ter. Não há monges ou meditações, a despeito do silêncio que permeia insistentemente a quase hora e meia de produção. Em determinada cena, Yilan revela um ditado que afirma a demora para a construção de relações. "São necessários três mil anos de orações para alguém dividir um travesseiro, para cruzar um rio em um barco com alguém". O provérbio original ainda completa que, para pai e filho, talvez sejam precisos apenas mil anos. Espírito do tempo de uma cultura milenar, justificativa para a falta de um relacionamento aproximado e afetivo com quem quer que seja.  Talvez por isso, ela demonstre sentimentos sempre em inglês, nunca em mandarim. E justifica para o pai que nunca havia visto ele e a mãe se expressarem afetuosamente na língua materna. Apenas no comportamento, sim, mas não por palavras. Por isso ela ri em inglês, fora uma outra cena, crucial para a comunicação entre os dois. 

Produzido em 2007, "Thousand Years of Good Prayers" ganhou o prêmio de Melhor Filme e Melhor Ator no Festival Internacional de San Sebastian e não se destacou no circuito comercial, não é sua vocação. Mas reflete sobre o afeto familiar, mesmo distanciado, e sobre a comunicação em falta, questões universais para qualquer época ou relacionamento. 


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Birds on the Wires

Não é exatamente "cinema" como estamos acostumados. Mas trata-se de um vídeo pensado a partir de uma foto num jornal. Pássaros em fios de eletricidade. O publicitário e músico Jarbas Agnelli achou aqueles fios parecidos com pautas musicais, e a distribuição dos pássaros, com notas. Reproduziu a cena como uma partitura, e o vídeo resultante ficou entre os vencedores da primeira edição do "YouTube Play - Bienal do Vídeo Criativo", em outubro de 2010. 

Bom motivo para pensar sobre criatividade e inspiração. O vídeo é esse aqui:

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Berlim 2011 - Mostras e indicações ao Urso de Ouro

O Festival de Berlim perde em prestígio apenas para Cannes, quando se fala em eventos dedicados ao cinema na Europa. E o Urso de Ouro, o cobiçado prêmio a ser anunciado em 19 de fevereiro, aponta os concorrentes com chances em 2011. A Mostra principal se inicia no próximo dia 10 e terá a participação de 22 filmes.
Dos 16 filmes em competição para o Urso de Ouro, 13 têm estreia mundial programada para Berlim, para comprovar o prestígio do Festival que chega à 61ª edição. Destaque para a estreia de Ralph Fiennes como diretor em "Coriolanus", baseado na peça homônima de Shakespeare. Filmado em Belgrado, também leva Fiennes como protagonista.

Vencedor do Urso de Ouro em 2008 por "Tropa de Elite" e protagonista de uma controvérsia por causa da premiação, José Padilha volta a  Berlim com o segundo filme da série, a ser exibido em uma mostra paralela. A continuação "Tropa de Elite 2", por esse motivo, deve ficar de fora do hall de polêmicas. Outros dois brasileiros participam de mostras paralelas: "Os Residentes", de Tiago Mata Machado terá apresentação no espaço Forum, para produções experimentais, e o curta "Ensolarado", de Ricardo Targino, integra a mostra Generation, para o público adolescente.

Os latino-americanos serão representados na mostra competitiva por Paula Markovitch e "El Premio", sobre uma mulher marcada pela ditadura argentina e Rodrigo Moreno, com "Un Mundo Misterioso".

Fora de competição, Werner Herzog e Win Wenders, expoentes do cinema local, exibem filmes em 3D. Graças à tecnologia, Herzog realizou "Cave of Forgotten Dreams", documentário sobre a exploração em uma caverna francesa e Wenders homenageia a bailarina Pina Bausch em "Pina". Wnders aponta a terceira dimensão como um ponto forte de integração entre público e coreografia por meio do filme. A abertura ficará por conta de "Bravura Indômita", releitura dos irmãos Cohen para faroeste feito em 1969 com John Wayne no papel principal.


Cena de "Pina", de Win Wenders


Candidatos ao Urso de Ouro 2011:


"A Torinoi Lo" (The Turin horse), Bela Tarr, Hungria/França/Alemanha/Suíça/EUA.
"El premio" (The prize), Paula Markovitch, México/França/Polônia/Alemanha.
"Jodaeiye Nader az Simin" (Nader and Simin, A Separation), Asghar Farhadi, Irã.
"Les contes de la nuit" (Tales of the night), Michel Ocelot, França.
"Margin Call", J.C. Chandor, EUA.
"Saranghanda, Saranghaji Anneunda" (Come rain, come shine), Lee Yoon-ki, Coreia do Sul.
"Schlafkrankheit" (Sleeping sickness), Ulrich Koehler, Alemanha/França/Holanda.
"The forgiveness Of blood", Joshua Marston, EUA/Albânia/Dinamarca/Itália.
"Un mundo misterioso" (A mysterious world), Rodrigo Moreno, Argentina/Alemanha/Uruguai.
"V Subbotu" (Innocent Saturday), Alexander Mindadze, Rússia/Alemanha/Ucrânia.
"Bizim Buyuk Caresizligimiz" (Our grand despair), Seyfi Teoman, Turquia/Alemanha/Holanda.
"Coriolanus", Ralph Fiennes, Grã-Bretanha.
"Odem" (Lipstikka), Jonathan Sagall, Israel/Grã-Bretanha.
"The Future", Miranda July, Alemanha/EUA.
"Wer wenn nicht wir" (If not us, who), Andres Veiel, Alemanha.
"Yelling to the sky", Victoria Mahoney, EUA


Exibições na mostra principal, que no entanto não competem ao Urso de Ouro:
"Bravura indômita", Joel e Ethan Coen, EUA (filme de abertura).
"Almanya - Willkommen in Deutschland" (Almanya), Yasemin Samdereli, Alemanha.
"Les femmes du 6eme etage" (Service entrance), Philippe Le Guay, França.
"Mein bester Feind" (My best enemy), Wolfgang Murnberger, Áustria/Luxemburgo.
"Unknown", Jaume Collet-Serra, Alemanha/Grã-Bretanha/França.
"Pina", Wim Wenders, Alemanha/França.