sábado, 16 de fevereiro de 2013

A Hora Mais Escura (2012)

Zero Dark Thirty
Direção: Kathryn Bigelow
Elenco: Jessica Chastain, Jason Clarke, Kyle Chandler, Joe Edgerton, Chris Pratt
Escrito por: Mark Boal
EUA, 2012 
Nota no IMdB: 7.6




"A Hora Mais Escura" é a segunda visão da diretora Kathryn Bigelow sobre o terrorismo pós-11 de dezembro. Há dois anos, foi a primeira mulher a ganhar o Oscar de direção por "Guerra ao Terror", sobre a invasão ao Iraque. Com todas as credenciais possíveis, dessa vez, tratou da caçada a Osama Bin Laden, morto em 2011 em uma fortaleza em Abbotabad, no Paquistão. 



Acusado de defender a tortura durante interrogatórios de prisioneiros para obter informações sobre a Al Qaeda, "A Hora Mais Escura" se presta justamente ao contrário. Trata métodos de tortura como artifícios comuns à polícia secreta americana, a despeito do discurso de "liberdade" propagandeado pelos EUA. O que fica evidente na falta de conflitos morais dos agentes por violentarem presos e até reclamações quando os métodos são proibidos após pressões de parlamentares. A presença do exército americano até hoje no Oriente Médio prova como os métodos repugnantes não resolveram a questão. E surge a dúvida: o assassinato de outro povo é justificável? 



Com enredo sóbrio e sem recursos pirotécnicos que dão "glamour" a filmes de guerra, "A Hora Mais Escura" tem como protagonista a agente da CIA responsável por "caçar" Bin Laden durante dez anos. O cruzamento de informações, pistas falsas e a obsessão colocam Maya (Jessica Chastain) acima do próprio presidente Obama nas ações que levaram à morte do terrorista. Uma mulher que desafia os chefes na CIA para seguir instintos e chegar ao homem mais procurado do mundo - um papel incomum no imaginário dos serviços secretos e mesmo em filmes de guerra. Ainda mais quando se pensa que a mulher que inspirou a personagem ainda atua na agência e teve o perfil de durona e obsessiva confirmado por soldados que participaram da missão real. 



Se a captura de Osama realmente aconteceu da forma como foi filmada, representou uma sucessão de eventos quase inacreditáveis. O terrorista mais procurado do mundo ficaria recluso em uma mansão, perto de um centro comercial, por muito tempo; nem tentou oferecer resistência nem tinha meios para tentar fugir; se a fortaleza era à prova de investigação, também deveria ser um labirinto para possibilitar fugas.



A CIA fornecer informações privilegiadas à cineasta e ao roteirista Mark Boal torna o peso político de "A Hora Mais Escura" ainda maior, dada a importância que recebeu como instrumento de propaganda pelo governo americano. Justamente por isso, as críticas que recebeu de parlamentares e do Pentágono praticamente tiraram suas chances de ser o grande favorito do Oscar 2013 - concorre em cinco categorias.




Apesar de abordar uma história amplamente conhecida, o filme se sustenta em 157 minutos sem cair em clichês. Bem diferente do arrastado e previsível Lincoln, de Steven Spielberg, que por razões não-estéticas pode levar estatuetas que cairiam melhor nas mãos de Bigelow.