quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Depois Daquele Baile (2005)

Depois Daquele Baile
Direção: Roberto Bontempo
Elenco: Lima Duarte, Marcos Caruso, Irene Ravache, Ingrid Guimarães, Chico Pelúcio
Escrito por: Rogério Falabella, Susana Schild
Brasil, 2005
Nota no IMdB: 6,7



A estreia do ator Roberto Bontempo como diretor dificilmente seria mais bem aproveitada do que em "Depois Daquele Baile (2005)". Um filme discreto, afetuoso, sobre delicadezas do cotidiano e a força do sentimento latente que só aguarda uma fagulha para transbordar. Uma história sobre o amor na velhice, quando as lembranças de romances já se distanciam e as limitações do corpo passam a receber mais atenção.



Lima Duarte, Irene Ravache e Marcos Caruso alimentam a curiosidade de quem assiste para revelar sem pressa o que os une. Uma amizade franca, consolidada com o tempo e o frescor da descoberta que se reinventa a cada dia. Uma nova forma de enxergar quem está a sua volta. Caruso (Otávio) é cruzeirense e Lima Duarte (Freitas) americano, e as disputas no futebol trazem elementos de humor à trama.



Filmado em Belo Horizonte, atrai o olhar do morador da cidade para lugares habituais - a Praça da Liberdade, a Pampulha, casarões - e do que não conhece a cidade para locações incomuns no cinema nacional. O tributo do diretor à cultura mineira não para por aí: a culinária local está presente desde a primeira cena e a trilha sonora revisita clássicos de Milton Nascimento, Lô Borges e 14 Bis. Um filme sincero e despretensioso, com atuação forte dos três ótimos protagonistas. Uma das melhores produções da recente safra do cinema brasileiro, que merece ser apreciada pelo espectador em 108 minutos bem tomados. 




segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Assalto ao Banco Central (2011)


Assalto ao Banco Central
Direção: Marcos Paulo
Elenco: Eriberto Leão, Milhem Cortaz, Lima Duarte, Hermila Guedes, Giulia Gam, Tonico Pereira
Escrito por: Rene Belmonte, Lucio Manfredi
Brasil, 2011
Nota no IMdB: 5.4



O maior roubo a banco da história do país - e 2º maior do mundo - chega aos cinemas pelas mãos do diretor estreante Marcos Paulo (veterano em novelas).  Entre 6 e 7 de agosto de 2005, mais de R$ 164 milhões foram roubados do cofre do Banco Central em Fortaleza/CE sem o disparo de um único tiro, em ação de extrema ousadia que até hoje não foi devidamente desvendada. Com a construção de um túnel de 78 metros, conhecimentos profundos em engenharia e da rotina do banco, foram retiradas toneladas de notas de R$ 50 usadas. A Polícia Federal estima que 123 pessoas participaram do golpe, sendo 36 de forma direta, mas até hoje pouco mais de 20 foram condenados, 11 absolvidos, 65 aguardam julgamento e há foragidos. Em julho, a polícia diz ter prendido o mentor do golpe, seis anos após a ação. Apenas R$ 50 milhões foram recuperados - R$ 20 milhões em espécie e o restante em bens comprados bem acima do valor de mercado - o que inviabiliza reaver o montante. 




O elenco é quase todo conhecido de novelas da Globo, mas a construção dos protagonistas afasta-os da sombra dos personagens da TV. Eriberto Leão, Milhem Cortaz (estigmatizado pela malandragem após Tropa de Elite), Lima Duarte, Hermila Guedes (sempre lembrada por "O Céu de Suely") e Giulia Gam estão entre os conhecidos e poderiam ter momentos mais inspirados se vários diálogos não tentassem criar bordões - frases que soam forçadas e atrapalham os atores. 



Como o desfecho já é sabido pelo público, a montagem preferiu o uso de elipses para fugir da linearidade na edição do material. Desde o princípio, intercalam-se momentos do recrutamento do bando e da escavação do túnel com a prisão de alguns integrantes. O que prejudica a construção de tensões com alguns personagens, mas que cria uma sinceridade na narrativa e a afasta de uma estética excessivamente marcada  em novelas - o que seria um erro compreensível por se tratar de um diretor veterano na TV. 



Fica a impressão de que haverá uma sequência para o filme, talvez quando a investigação policial trouxer elementos suficientes para alimentar a ficção - não que uma possível continuação seja necessária. Livremente inspirado no caso, Assalto ao Banco Central não segue fielmente os acontecimentos do crime e o destino dos envolvidos, mas deixará respostas em branco se parar por aqui. Ou melhor, o final poderia ter sido diferente, para que essa história parasse por aqui.